quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Regresso aos bons 90s.

Esqueçamos por momentos (ou por um longo tempo) o grunge, esqueçamos (para sempre) o hip hop dos MC Hammer, Ice-T e companhias, ignoremos temporariamente o surgimento do Brit-pop, do Trip-hop, Jungle, Drum and Bass, Big Beat e outros afins, saltemos por cima da cena de Madchester e da cultura Acid e olhemos para o primo pobre, sujo e desprezado da música moderna da última década do século XX: o shoegazing ou shoegaze.

Surgido no Reino Unido, nos finais da década de 1980, o shoegaze começou com bandas como Slowdive, Lush, Ride e My Bloody Valentine (estes num registo mais noise e menos pop). Citavam bandas como Jesus And The Mary Chain, Bauhaus, The Cure e Cocteau Twins, entre outros nomes da música alternativa dos 80s. Era gente que tocava de olhos pregados nos pedais de efeitos ou nos sapatos, daí o nome de shoegaze. As guitarras eram as protagonistas sonoras principais, recriando o conceito de "Wall of Sound" do famigerado produtor Phil Spector. Camadas e camadas de guitarras eram gravadas e distorcidas até atingir uma verdadeira parede sonora, muitas vezes abafando as vocalizações. No shoegaze, a voz era mais um instrumento do que propriamente a estrela principal como na música pop.

O lado introspectivo e contemplativo deste tipo de som teve o seu relativo sucesso até 1993, no culminar da saturação grunge, e depois desapareceu em 1995, com o reinado do Britpop.

Mas, como em todas as modas e movimentos musicais, há sempre regressos. E este ano tivemos um regresso muito feliz: os Slowdive. E felizes foram aqueles que os puderam ver e ouvir no Primavera Sound, quer no Porto, quer em Barcelona.

Fiquem então com os Slowdive, ao vivo no festival Pitchfork deste ano, com "When the Sun Hits" e "Golden hair", original de Syd Barret, que encerra de forma magistral a actuação da banda neste festival.



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